Um pequeno passo…

Um pequeno passo…

3 de maio de 2018 15 Por jugomes

Vamos lá! Primeiro um pé, agora o outro… Segura a mão! Opa! Caiu! Agora de novo, vamos! Está andando! Que maravilha!

É isso aí… Que coisa linda são os primeiros passos de uma criança! Geralmente a gente não se lembra desse momento, às vezes até nossos pais se esquecem de como foi. E esse ato tão comemorado quando a gente tem tão pouca idade, vira algo banal. Afinal, andar, correr, pular, subir uma escada, são atos corriqueiros na vida de qualquer pessoa.

Até acontecer alguma coisa que nos impeça de fazê-los. Há 4 anos atrás eu já tinha ficado sem poder andar por alguns dias porque estirei os ligamentos do tornozelo. Mas naquela ocasião, eu sabia que assim que tirasse a imobilização, tudo voltaria ao normal, como de fato aconteceu. Mas voltar a andar depois de estar imobilizada por uns dias nem de perto chega aos pés da emoção que senti ontem.

Como já disse em outro post, a minha esclerose não é grave e me trouxe muito poucas sequelas. Mas uma muito chata foi a dificuldade de andar. Quando conseguia andar sem mancar, era bem devagar. Parecia que carregava uns 200 Kg em cada perna. E eu, que sempre fui de andar ligeiro, me angustiava de ter que percorrer um trajeto que normalmente faria em menos de 5 minutos, agora em 15 ou até mais, dependendo do dia. Teve vezes em que eu andando na estação do metrô era ultrapassada até pelos idosos mais lentinhos.

Foram passando os meses, iniciei o tratamento, comecei a fazer natação e o quadro permanecia o mesmo. Pensava que agora talvez fosse esse meu novo ritmo de marcha. Eu, com 40 anos andando como uma velhinha de 80. E a cada dia me parecia mais certo de que seria assim pro resto da vida, com possibilidade de piora.

Mas ontem, dia 02 de maio de 2018, acordei me sentindo um pouco melhor do que o normal. E foi então, ao sair atrasada para a terapia, quando pensei em dar uma apressada no passo pra chegar mais rápido no ponto, que a mágica aconteceu. Onde antes essa tentativa ficava apenas na tentativa, tipo quando a gente sonha que está correndo, mas não sai do lugar, dessa vez o comando mental teve a resposta muscular e me vi andando com a velocidade rápida de antigamente. Quando me dei conta, tive uma felicidade tão grande que não pude evitar as lágrimas e ia assim, andando ligeiro e chorando de alegria. Simplesmente por poder novamente fazer algo tão banal quanto andar apressada. Minha vontade era de abraçar todo mundo que eu via na rua de tão feliz que estava.

Pode parecer besteira, mas hoje sei que qualquer mínima coisa que se possa fazer, por mais simples que seja, deve ser valorizada, porque a gente nunca sabe se amanhã vai ter alguma limitação na vida. Portanto, sejamos realmente gratos por todas as nossas capacidades físicas e mentais. Nosso corpo é mais frágil do que a gente imagina, mas também é capaz dos maiores prodígios. Basta a gente acreditar que pode e todo o resto acontece.

Agora, com essa nova injeção de ânimo, vislumbrei a possibilidade real de voltar a ter uma vida totalmente normal. O próximo passo é driblar a fadiga, mas agora estou cada dia mais certa de que essa possibilidade é real e vou trabalhar para que esse dia chegue logo.

Eu não posso terminar esse post sem antes agradecer demais a toda a corrente positiva e de amor que se formou à minha volta. Sem isso, eu tenho certeza absoluta que meu caminho seria muito difícil e com todo o apoio que tenho recebido ele se torna bem mais leve. Muito obrigada!